A EXCURSÃO DE DANTE
Desgraça pouca é bobagem... acho que é assim que se diz. E
para falar a verdade nunca entendi bem o que significa, porque, sinceramente,
desgraça é um problema acumulativo, então, para mim, pouca desgraça sempre será
melhor que muita desgraça. Por exemplo, naquela primeira viagem a Paris para
passar o Natal de 2011 (sem neve), não foi uma experiência tão ruim, tirando o
fato que não nevou, não parou de chover e que todos os passeios eram tão
corridos que só conseguimos aproveitar depois, olhando as fotos e, claro, por
se tratar de uma excursão, mas que éramos só eu, minha mãe e um casal que mal
vimos por lá.
Como aquela primeira experiência não nos causou nenhum
trauma, resolvemos arriscar uma segunda excursão pela Europa logo no ano
seguinte, em outubro de 2012... e desta vez, sim, foi traumática! Sabe aqueles
soldados que voltam da guerra com estresse pós-traumático? Pois é, nós
vivenciamos o estresse pré-traumático, o traumático em si e o pós. Só eu sei
como foi difícil teclar este depoimento vestindo uma camisa de força... tá,
admito que estou dramatizando um pouco, porque senão quem vai querer ler essa
chatice de viagem de excursão, por mais que o narrador (eu) seja uma pessoa
incrível?
Bom, indo ao ponto, começamos visitando a Itália, subimos os
Alpes Suíços, descemos na França e finalizamos com a excursão na Inglaterra. De
bônus, antes de voltarmos ao Brasil, e já livre do pesadelo com o grupo de
turistas, uma paradinha em Portugal.
Apertem os cintos e boa viagem... ou não!
PARTE 01
ROMA - ITÁLIA
Agora vamos lá... A primeira parada foi na Itália, Roma para ser mais preciso. Aquela cidade (na verdade a Itália inteira), é um enorme sítio arqueológico, um grande museu a céu aberto. Lá acontecem coisas do tipo:
"-Vamos fazer uma obra nessa pracinha para abrir uma entrada do metrô?"
e... Pimba! Mais uma ruína é descoberta embaixo da terra. Param as obras, vêm os arqueólogos e menos uma estação de metrô em Roma.
Roma, antes de ser capital da Itália, foi capital do Império Romano. Não confundam com o Império Americano, que hoje invade as ruas de Roma, e de várias outras cidades pelo mundo, com McDonald’s, Coca-Cola, produções Hollywoodianas, Donuts (rosquinhas, tipo aquelas do Homer Simpson e dos filmes policiais) e outras porcarias consumistas.
Na época dos Césares havia pão e circo, mas nem por isso a vida era mais fácil, afinal corria-se o risco de virar comida de leões numa arena pública.
Roma é uma das cidades mais antigas da Europa, surgida na idade do ferro, a mais de 2.760 anos e se tornaria a “capital do mundo”... do mundo que se conhecia na época, já que o continente americano ainda não existia para aqueles que viviam nos outros continentes.
Os exploradores ainda acreditavam que nosso planeta era
tudo, menos redondo. O mundo para eles era plano, e é fácil aceitar isso considerando a limitação do conhecimento daquele período... o difícil é acreditar que ainda hoje tem gente que acredite nesta bobagem... e não estou falando de turistas, não. Enfim, era impossível contornar um mundo plano, além dos riscos de
sofrer com ataques de monstros marinhos ou de serem seduzidos por encantadoras (e
perigosas) sereias.
Viva a ciência!
Visitar o Coliseu é, mais ou menos, como visitar o estádio do Maracanã durante as reformas para a Copa do Mundo de 2014, basicamente um estádio de futebol em ruínas. Talvez já tenham visto uma reprodução daquele lugar em CGI (aqueles efeitos especiais de computador) para “Gladiador” (2000), dirigido por Ridley Scott.
No filme o herói da ficção vivido Russel Crowe é obrigado a lutar por sua liberdade, e sua própria vida, naquele cenário. No filme podemos ter uma ideia de como era o Coliseu (e Roma) no seu auge. Não é o melhor filme de Scott, responsável pelos clássicos “Alien” (1979) e “Blade Runner” (1982), mas como aqueles dois filmes não se passam em Roma, não me serviram como exemplos ilustrativos.
O responsável pela solicitação de construção do maior anfiteatro de Roma foi o Imperador Vespasiano em 72 d.m.C. (depois do mito de Cristo). O Coliseu foi construído no mesmo terreno onde ficava o palácio de Nero, a Domus Aurea, e podia receber, aproximadamente, 55 mil expectadores para assistirem aos jogos.
As diferenças básicas para o que chamavam de jogos são as seguintes: Na época da Roma antiga a pessoa era a bola e os leões, os jogadores (também faziam um maior número de gols, sem cobrar salários milionários).
Outra diferença e também um mistério, assim como com as pirâmides, é a construção em si... Reparem nas pedras gigantescas no alto do Coliseu. Como foram parar lá?
Na foto que segue dá para ter uma ideia melhor da escala da construção em relação às pessoas... pessoas, não, turistas! Turistas que estragaram minha linda foto do interior do Coliseu. Cadê os leões na hora em que precisamos deles?
Não sei como as enormes pedras chegaram lá, mas sei como saíram e, para minha surpresa, não foi por desgaste do tempo ou erosão como também devem pensar. As pedras sumiram de lá porque o Coliseu foi transformado em “pedreira”, de onde antigos moradores, de gerações passadas, tiravam a matéria prima de suas novas (na época) construções.
"- Liquidação de 'tijolos' do Coliseu: Compre 2 e leve três!!"
Lamentável! Ainda mais se imaginarmos hoje, com aquelas lojas que vendem material de demolição, e que muitas vezes nem deviam ter acontecido (como o caso do edifício em questão).
Se repararem lá no fundo da foto panorâmica do interior do Coliseu, tem uns “pontinhos brancos” ao fundo... viram? Pois é, aquilo foi o que sobrou da arquibancada. Só isso já devia ter dado para construir um bairro inteiro.
E já que citei Hollywood lá no início, não poderia deixar de falar do cinema italiano, afinal Roma foi cenário de importantes produções (e revoluções cinematográficas). Logo após a Segunda Guerra Mundial acontece o Neorrealismo italiano, revelando ao mundo o talento de grandes cineastas como, Vittorio De Sica, Luchino Visconti e Roberto Rosselini, responsável por inaugurar o movimento cultural com o clássico “Roma, Cidade Aberta”. E você aí, achando que só americanos fazem filmes. Coitado...
Logo a seguir surgem outros nomes fundamentais do cinema
italiano, como Ettore Scola, Giuseppe Tornatore e, claro, de Federico Fellini,
autor de “La Dolce Vita” com sua antológica cena na Fontana Di Trevi. Eu,
particularmente não precisei entrar na fonte para me molhar, como os
protagonistas do filme fizeram, pois a chuva era torrencial. Nada que tirasse a
beleza da fonte. Na verdade até que a chuva ajudou e espantou a multidão de
turistas que estavam ali atrapalhando minha foto da fonte. Turistas... Ô troço
chato!
Conhecer o Vaticano é uma “atração” a parte, já que o Vaticano nem é Roma, é outra cidade (na verdade uma cidade-estado), só que dentro de Roma... tipo Brasília, que fica no meio de Goiás, é cheio de riquezas e cercada de pobreza e miséria por todo lado, como uma ilha e onde muitos de seus moradores falam de honra, nobreza, prometem o céu, mas só deixam o inferno mais promissor.
Observações políticas e filosóficas a parte, não é preciso dizer que um lugar com obras de Michelangelo é imperdível. A dica de cinema aqui é o filme de 1965, "Agonia e Êxtase" que romanceia a relação conflituosa sobre o projeto da famosa Capela Sistina, entre o Papa e Michelangelo... E, não, não tem discos voadores, ou terremotos destruindo o Vaticano!
Mas voltando ao assunto: como não deixavam fotografar a Capela Sistina, fotografei a Pietá, que não sofre desgastes por causa das luzes dos flashes. Mas sinceramente... Olhe suas fotos dos lugares históricos e olhe as fotos de um livro sobre o mesmo lugar. A do livro, certamente é melhor!
Tirei fotos, é claro, mas também comprei muitos livros. Além das fotografias ilustrativas, as publicações vêm com informações relevantes sobre a obra e o local, ao contrário dos retratos que tiramos e, que no máximo, vem a data estragando o cenário.
Uma das surpresas que tive, ainda no Vaticano foi que, num teto de um dos muitos corredores quilométricos, descobri que os relevos esculpidos, não eram esculpidos!! Eram pinturas, que davam ilusão de ótica perfeita de serem relevos esculpidos no teto! Estou falando da foto aí embaixo... aquilo não é relevo nem programa de 3D, é pintura a mão!!!
Impressionante!! Aliás, acho que esta palavra define bem a Europa, de uma forma
positiva, claro. Aqui no Brasil também ficamos impressionados, mas de uma forma
mais traumática.
Mas o melhor de viajar para um lugar celebre (o lugar ser celebre
não quer dizer que tenha participado do BBB, ok?), é descobrir recantos
desconhecidos, mas não menos curiosos e charmosos, que podem ser menos
importantes do ponto de vista históricos, mas que ao descobri-los se fazem tão
importante quanto. Um desses lugares foi um prédio com uma galeria coberta,
onde me refugiei da chuva, depois de tentar escapar seco da Fontana Di Trevi. O
lugar tem as paredes todas decoradas e... Enfim, olhem a foto.
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